"QUEM SABE FAZ A HORA NÃO ESPERA ACONTECER"

Vandré

Páginas

domingo, 28 de março de 2010

Está inflacionado o mercado da compra


As candidaturas, oficialmente, só existirão em junho, mês obrigatório para a realização das convenções partidárias. Mas todos aqueles que pretendem ter seus nomes homologados para a disputa das vagas na Assembleia Legislativa, na Câmara dos Deputados, Senado e Governo do Estado já estão em plena campanha, na verdade, a mais importante, posto que é este o momento da definição dos chamados colégios eleitorais, quando acontecem todas as negociações, sem as quais, as postulações de fato inexistirão.

É agora que está acontecendo a verdadeira comercialização no atacado do voto. Quem não comprar neste momento, sendo neófito na empreitada, não vai ter chance de se eleger para uma das casas legislativas. E por estar se tornando escassa a "mercadoria", em razão da grande procura e por ser limitada, o seu valor já está inflacionado e os que a procuram agora não têm mais como pechinchar, nem muito menos acertar preço para pagar depois. É adiantar o dinheiro ou desistir da pretensão de ter um mandato.

A preferência é só para os atuais detentores de mandatos ou seus afilhados. Estes, fregueses tradicionais, podem pagar com outras moedas, como as emendas ao Orçamento, no plano Federal e os projetos de obras municipais, na parte do Estado. As emendas quase sempre ficam vinculadas ao colégio eleitoral logo na sua apresentação, embora o negócio só se concretize realmente com a sua liberação.

Inflação

Vamos ter, este ano, uma eleição igual a todas as outras, no que diz respeito a infrações. Se houver alguma diferença é quanto à compra e venda de votos que, superando a inflação da moeda no período, registrará um custo bem maior para aqueles que pleiteiam o primeiro mandato. O voto unitário para deputado estadual já está superando os R$ 50. Por seu turno, para deputado federal o valor pode chegar até a R$ 100. Os orçamentos mais comuns estão registrando valores que variam de dois a R$ 3 milhões para quem quer ser deputado estadual e, entre quatro e R$ 7 milhões para um mandato na Câmara dos Deputados.

Ninguém, para conhecimento público, confirma esses números. Mas, quem acompanha o dia a dia do mundo político, com a percuciência necessária para estar minimamente informado, sabe dessa realidade que, lamentavelmente, faz ser letra morta toda uma legislação eleitoral, ao tempo que retrata a qualidade de parte da nossa representação política, sem compromisso com os princípios éticos, imprescindíveis para o bom exercício de qualquer mandato popular conquistado sob a égide do legal.

Ineficiente

Neste momento que antecede o espaço definido pela Justiça Eleitoral como o da eleição propriamente dito, aquele que compreende o início de julho quando são registradas as candidaturas e vai até o dia da eleição, tão importante para a definição da limpeza do evento que deveria ser democrático por excelência, talvez até pelo fato de os agentes do Estado desconhecerem as entranhas do mundo político, a fiscalização é ineficiente, limitando-se tão-somente a questionar se está ou não havendo propaganda antecipada, enquanto fica totalmente aberto o campo da excrescência que é a compra e venda de votos.

A compra de votos não torna apenas vesgo o resultado eleitoral, mas sobretudo premia os inescrupulosos, pessoas sem a devida qualificação para bem representar a sociedade, além de contribuir para a manutenção do quadro de degradação da política brasileira, tão denunciada, até por alguns dos bons políticos que temos, também vítimas dos compradores


Edison Silva
Editor de Política

Nenhum comentário: