A quadra chuvosa está chegando ao fim, mas não sem antes deixar a constatação de que 2010 está inserido, historicamente, em um dos anos de menores índices de precipitação pluviométrica no Estado do Ceará. A despeito do fato de a palavra "seca" ter caído em desuso, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) comprova que fevereiro passado foi o mês com o menor índice de precipitações nos últimos 98 anos, com um índice de chuvas 68% abaixo da média.
Além disso, segundo o meteorologista da Funceme David Ferran, desde o início do ano até hoje, choveu 425 milímetros no Estado, ou seja, um índice de 44% abaixo da média histórica para o período. Seguindo uma tendência de chuvas abaixo da média nesta quadra, o mês de março passado registrou o menor volume de precipitações nos últimos 52 anos.
Posto
Já na Capital, de janeiro até ontem, as precipitações pluviométricas registradas chegaram a 757mm. Para se ter uma dimensão da pequena quantidade de chuvas, explica Ferran, basta lembrar que, no posto de medição Fortaleza-Messejana, a média histórica de chuvas no período é de 959mm, mas os registros são de apenas 410mm, ou seja, 57% abaixo da média.
O meteorologista lembra, também, que nesta quadra invernosa, em números relativos (percentual), a região na qual choveu menos (com somente 417mm) foi Ibiapaba, com 54% abaixo da média, que é 907mm. Já em termos absolutos, informa, o Sertão Central (Boa Viagem, Monsenhor Tabosa, Canindé, Caridade e Irauçuba, entre outros municípios) tem sido a região do Estado com menores índices pluviométricos.
No município de Irauçuba, por exemplo, a média histórica é de 455mm ao ano, porém choveu apenas 237mm, percentual de 48% abaixo da média.
Quanto ao mês de fevereiro passado, conforme David Ferran, o acumulado de chuvas foi de 30mm no Ceará, quando o volume regular é de 150mm no Estado. "Sem falar que, em municípios como Senador Pompeu, Jaguaretama, Quixeramobim, Boa Viagem e Madalena, praticamente não houve registro de chuvas naquele mês", diz o técnico da Funceme.
Por outro lado, destacaram-se em fevereiro, como os municípios de maiores volumes pluviométricos, Meruoca, com 241mm, e Jucás, 144mm, quando as médias de chuvas nesses locais, respectivamente, são de 270mm e 164mm.
Entre os motivos para a quadra chuvosa se caracterizar como insatisfatória quanto à ocorrência de chuvas estão as temperaturas da superfície dos oceanos, em 2ºC ou 3ºC mais quentes que o normal. No Oceano Pacífico, ressalta David Ferran, a presença do fenômeno El Niño altera a circulação de vento no globo terrestre, provocando a diminuição das chuvas também no Estado do Ceará.
Já a temperatura do Oceano Atlântico Tropical Norte (mas quente que o normal) faz com que a Zona de Convergência Intertropical, que é o principal mecanismo meteorológico causador de chuva no Estado, fique mais deslocada para o hemisfério norte, frisa o técnico.
MOZARLY ALMEIDA
REPÓRTER
Nenhum comentário:
Postar um comentário