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domingo, 9 de maio de 2010

Ao 'El País', Lula critica ONU e diz não ver possibilidade de PT perder eleição


Em entrevista publicada neste domingo (9) no jornal espanhol "El País", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz críticas à "pouca representatividade" da Organização das Nações Unidas" e também comenta sobre as eleições de outubro no Brasil. Ele afirmou que "não vê possibilidade" de o PT perder a disputa.

As críticas à ONU foram feitas em um comentário sobre eventuais sanções ao Irã pelo programa nuclear: "Quero tentar até o último minuto um acordo com o presidente do Irã, levando-nos à tranquilidade de que o programa nuclear será usado apenas para fins pacíficos. Meu limite é a decisão da ONU, que, aliás, eu pretendo mudar, porque como está representa muito pouco. Porque o Brasil não é um membro do Conselho de Segurança e por que não é a Índia? Por nenhum estado Africano? Se a ONU continuar assim, frágil, sem representatividade, com países com poder de veto, nunca vai servir adequadamente à governança global."

Sobre as eleições, disse que "não vê possibilidade" de que o PT perca a disputa. "Ganhe quem ganhar, ningupem fará nenhum disparata, as pessoas querem seguir caminhando e não voltar atrás. Mas deixe-me dizer que não vejo a possibilidade de que perdamos as eleições."

O "El País" destacou que o Brasil está "em campanha eleitoral" e disse que Lula aproveitou para "fazer propaganda de seu partido". Na reportagem, o jornal fez elogios ao brasileiro, destacando sua "evidente franqueza", mas também ponderou quando o petista criticou o antecessor.

"Lhe escapam algumas duras críticas, provavelmente injustas, contra seu antecessor, o social-democrata Fernando Henrique Cardoso, tempos atrás companheiro na luta contra a ditadura", afirmou o jornal, completando que "o milagre brasileiro começou com Cardoso, professor respeitado e um democrata exemplar em nível de contas públicas".

O jornal espanhol falou sobre a trajetória política do presidente, desde o movimento sindical até a Presidência. Também citou o contexto de fundação do Partido dos Trabalhadores (PT). Lula destacou que, após, assumir o cargo, continuou sendo como antes e por isso continuou perto do povo. "Eu sou um deles, como eles", disse ao jornal espanhol.

Em uma fala de Lula sobre ele ter chegado ao cargo mesmo sem diploma universitário, o que seria prova da força da democracia, o jornal afirmou que a fala "irrita a oposição": "Diz ele com tom de orgulho que irrita a oposição pela ambiguidade que a mensagem pode representar em um país onde a educação é um dos objetivos fundamentais do governo para acabar com a desigualdade".

Economia
Ao jornal espanhol, o presidente também destacou que "se o Brasil mantiver nos próximos cinco anos a seriedade nas políticas fiscais e monetárias, investimento e controle da inflação, tem tudo para se transformar em uma potência respeitada no mundo. Se a economia seguir crescendo entre 4,5% e 5,5%, em 2016 pode chegar à quinta economia mundial."

Balanço do governo
Ao falar sobre os principais pontos de seu mandato, Lula disse que teve "muitas alegrias" porque "poucas vezes na história do Brasil tantas coisas aconteceram coisas tão importantes como no meu governo".

Ele disse, porém, que lamenta não ter feito uma reforma do Estado. "Não temos sido capazes de obter maior agilidade; desde que tomamos uma decisão, até que se execute, encontramos quinhentos obstáculos em nome da democracia. Há o Congresso Nacional, com suas duas Casas, as administrações públicas, os sindicatos, a Justiça, as questões amientais, as ONGs são muito ativas. Ou seja, passam dois ou três anos antes que os projetos sejam colocados em prática. Falta um consenso que permita eliminar tantas dificuldades, Não podemos abrir mão do controle, mas não é pode usar como maneira de impedir as coisas de que o Brasil precisa."

Após o mandato
Lula afirmou que quando deixar o governo, no começo do ano que vem, quer "compartilhar" o conhecimento das "políticas públicas bem sucedidas". "Quero compartilhar esse aprendizado, uma autêntica lição de vida, com países mais pobres da América Latina e da África. Não sei se através de uma fundação. (...) Só quero transmitir aos outros a experiência que eu ganhei, porque os pobres não têm acesso aos governantes."

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